Como uma célula que se divide, me parto em duas e cada uma das partes adquire personalidade e vida própria.
São duas em uma, lutando em lados opostos, uma luta inabalável e silenciosa. Crescem, avolumam-se, desgastam-se.
Não consigo juntar meus pedaços. Uma gosma liguenta impede que os dois lados se colem. Um assiste, resignado, a vida passar pela janela, outro pulsa, quer escapar, ganhar espaço, experimentar, virar vapor.
Divino e profano, racional e aventureiro, dual.
Me entrego, alternadamente, a cada um, sem sossego. Me desgasto, sofro. Viajo no lado etéreo, me aprisiono naquele que senta para observar a vida.
Um é a calma, o outro, insanidade. Ganho asas e também pés que não se desprendem do chão.
Quero a calma do entardecer, mas a ciranda mistura as cores...
E essa luta eterna abre feridas, rompe nervos, destroça a paz
E entre calmarias e desassossegos me diluo, me misturo, me espalho, vivendo por viver e sem viver.
Zel suek - 1995

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